sexta-feira, 3 de julho de 2009

O novo Buda

Li uma reportagem que falava sobre um menino de 6 anos que foi levado à um mosteiro, porque um dos monges intuiu que ele seria uma reencarnação de Buda, algo assim.. Ou um Mestre espiritual. E agora já adulto, saiu por sua conta e risco do mosteiro e foi procurar viver sua vida real. Ele conta que quando foi levado era criança e se sentiu “arrancado” de sua vida e família e foi forçado a viver numa era medieval sem contato com mundo real.

Isso veio de encontro novamente com o que já sabemos. Que Espiritualidade não pode ser algo imposto a ninguém. Este caminho é um caminho solitário e individual, e devemos trilhá-lo no nosso ritmo, baseado apenas no anseio que temos dentro de nós. Se esta chama se acende de alguma forma (porque acredito que todos a trazemos), saímos em busca de algo que venha satisfazer nosso vazio interior. Algo que nos oriente e nos apresente a vida sob um outro prisma. Que abra nosso caminho para outro lado.

Mas isso tem que partir de nós mesmos. Não há nada que possa ser feito para despertar em outra pessoa algo que ela mesma ainda mantêm adormecido. Provavelmente não é o momento dela. Acho que a sabedoria maior consiste em sabermos respeitar o ritmo das coisas e das pessoas, senão acabamos atropelando a tudo e a todos.

Afinal, o fluxo da vida é perfeito como é. Em um caso como este, o tiro sai pela culatra, e algo que poderia ser despertado no momento certo e teria um potencial enorme, torna-se o contrário. Pois tudo que nos é imposto, perde o brilho, o encantamento e vira uma obrigação. Não nos fascinamos por nada que é obrigatório, é nossa natureza.

O que me chama atenção é que ele fala que queria viver uma vida real, o que não conseguia lá dentro. Entendo perfeitamente, pois confinado num lugar isolado com pouquíssimas e sempre as mesmas pessoas, vivendo uma vida só meditativa, mas sem o lado externo, convenhamos que é bem mais fácil colocar em prática os ensinamentos espirituais. Diferentemente da vida normal, onde tudo nos é exigido, há milhões de pessoas com valores e estilos de vida diferentes. Onde precisamos de dinheiro para viver, precisamos ter profissão, estudo e além de tudo, colocar esses princípios em nossas vidas e conseguir viver de acordo com eles. Concordo que isso é vida real.

Mas o paradoxo é que muitos de nós estamos no caminho inverso. Buscando exatamente a situação da qual ele está fugindo. Lutamos par encontrar a paz interior, a sabedoria de vida, a conexão com nossa essência e consequentemente com o Universo.

Mas a diferença é que é por vontade própria, e isto faz toda a diferença.

Minha conclusão é que, precisamos de tudo um pouco até para se saber qual o caminho que mais você se identifica, e certamente isto também mudará durante as fases de sua vida. Sem conhecer o outro lado da moeda, não saberemos como seria e a dúvida instiga a imaginação.

Por isso, como já dizia Buda : “Se estiramos demais a corda da Citara ela se rompe, se não a esticamos suficiente, ela não produz música”. Isto é, devemos seguir sempre “o Caminho do Meio.”

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