segunda-feira, 13 de julho de 2009

A renúncia é a libertação – não querer é poder

A renúncia é a libertação – não querer é poder (Fernando Pessoa)

Já diziam alguns sábios: “Não Deseje e não sofra! O desejo é a alma
do sofrer”. (Buda)

Com tanta abnegação, qual mensagem estavam tentando nos passar? O que pretendiam nos instigar com esta afirmação?

De fato, sempre que vivemos baseados em nossos desejos, estamos correndo grande risco de nos frustrarmos, pois as chances de não conseguirmos preencher todas as nossas expectativas são enormes. Posto isso, é seguro citar que vivemos aprisionados no mundo do Querer.

Os sábios desde a antiguidade, deram-se conta de que, na corrida pela felicidade o mais acertado é deixarmos de lado as expectativas e os desejos em excesso. Se não tivermos tantas expectativas, não haverá frustração. Se não houver tanto desejo, não haverá decepção.

Logicamente é intrínseco do ser humano querer adquirir, progredir e avançar rumo às suas convicções, mas o problema consiste em quando não se alcança o objetivo e a maneira como lidamos com isso. E outro ponto é, caso alcancemos o almejado! E seguidamente já perdemos o interesse e temos que substituí-lo. É uma busca infindável.
Uns podem pensar: ah, mas é isso que move o ser humano! Sim, até é. Mas é um paradoxo, porque se é o que move, também é o que o aprisiona.

O caminho do meio é ir em busca de seus anseios sabendo que sua vida não se resume a concretização deles. Não deixar que isto se torne sua meta principal e única. É saber que eles fazem parte de nossa, mas não são a nossa vida.

Não é tão simples aplicar esta teoria, como se nosso “ego” não existisse. Realmente não é fácil! Mas é possível na medida da evolução de cada um.

O pouco que tentarmos, talvez consigamos. E já será um avanço no dia a dia de nossas vidas, um passo a frente em nossa evolução.

O que eu acho? Que vale a pena tentar.

Pois sem tentativa não pode haver sucesso. E você?

4 comentários:

Palavra Criada disse...

que bom revê-lo aqui!

caminha, caminhando, poetando... disse...
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caminha, caminhando, poetando... disse...

Querida Alessandra,

No Templo de Delphos, na Grécia, há uma inquietante frase que traduz esta angústia do homem em busca de sua natureza: “Conhece-te a ti mesmo...”

O homem perdeu seu cerne natural: a riqueza espiritual, a riqueza interior, a semente que nos faz imagem e semelhança de nosso Criador. Perdendo o cerne o homem revestiu-se de cascas (ou máscaras) que tentam expressar, a cada momento, a sua essência, mas esta obsessiva busca externa por algo que lhe é de domínio interno, imanente a seu próprio ser, o homem acaba por materializar-se e, novamente, perde o equilíbrio das coisas. Não descobre o seu SER e só vive pelo TER, pela compulsão do QUERER.
A vida, assim posta, perde-lhe o sentido na medida em que a cada TER ou QUERER alcançado percebe não ser o ideal de sua plenitude. E lança-se para novos TER novos QUERER.

Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares costumava dizer:
"Só vale a pena viver por um ideal que valha a pena morrer".

Florence de Nightingale uma enfermeira britânica era uma nobre de família muito rica de Florença, grão ducado da Toscana. Na Guerra da Criméia ela foi à campo para tratar das feridas dos soldados. Não havia antibióticos e o estado das feridas era terrível, pútridas a maioria delas. Um soldado a reconheceu e ao vê-la lavar as feridas de um outro soldado disse: "você não é Florence? Da riquíssima família de Nightingale? Sou eu mesma, respondeu.
O soldado exclamou: "eu não faria o que você está fazendo nem por um milhão de libras esterlinas”. Ela virou-se e respondeu calmamente: “por um milhão de libras eu também não o faria”.

Florence tornou-se Patrona da Enfermagem. Vivia pelo que pensava valer a pena viver: seu ideal. E, pelo que se sabe, era plenamente realizada, feliz.

Um Grande beijo.

Parabéns pela reflexão.

Tio Caminha

Marcelo disse...

Voce escreveu "Uns podem pensar: ah, mas é isso que move o ser humano! Sim, até é." Discordo plenamente se voce quer dizer que é esta a busca humana ou o que move o ser humano "de dentro pra fora". Pode mover o ser humano "de fora pra dentro", no sentido de que nossas buscas são estimuladas pelo sistema ou seja lá como quisermos chamar. Existe vide sem 'desejos' sem 'quereres'... Difícil é compreender como,num mundo tão desviado e condicionado como está. Todos os mestres espirituais do passado distante e mesmo recente, perceberam e falaram. No momento que alguém vem aqui "querendo" dizer algo... pronto... caiu na armadilha do "querer". Talvez por isso voce fale em paradoxo.